CNE autoriza uso de nome social na educação básica
Conselho Nacional de Educação autoriza uso de nome social na educação básica
Medida ainda precisa ser homologada pelo MEC

(Foto: Bárbara Lopes / Agência O Globo)
O
Conselho Nacional de Educação (CNE) aprovou, na terça-feira, de forma
unânime o parecer que autoriza o uso de nome social nas escolas de
educação básica. A partir da resolução, os colégios passarão a ter uma
normatização sobre como devem proceder na utilização do nome social de
travestis e transexuais. Mas, para isso, a medida ainda precisa ser
homologada pelo Ministério da Educação (MEC).
Além
de autorizar a requisição do nome social por alunos maiores de 18 anos-
o que, segundo o órgão, já acontece em 24 estados do país-, a normativa
permite que menores de idade também solicitem o direito por meio de
seus representantes legais. O Conselho orienta que, caso os pais ou
responsáveis se neguem a fazer a solicitação, que a escola encaminhe o
aluno para defensoria pública, para que possa exigir judicialmente o
direito.
“O respeito à diversidade, à
dignidade da pessoa humana, os direitos da criança e do adolescente e
os direitos educacionais consagrados na Constituição Federal, na Lei de
Diretrizes e Bases, no Estatuto da Criança e do Adolescente e no e no
Plano Nacional de Educação advogam pela possibilidade do nome social
também para menores de idade, sem prejuízo do desenvolvimento de
campanhas educativas e outras medidas para sanar a violência contra
travestis, transexuais e outras orientações sexuais nas escolas
brasileiras”, escreveu o parecer de Ivan Siqueira, relator nesta
decisão.
Em entrevista ao GLOBO,
Siqueira argumentou que a medida é urgente para evitar que mais jovens
abandonem a escola devido à discriminação.
E
deixar que continue evasão escolar e os casos de violência em função da
sexualidade das crianças e de sua identidade de gênero. Queremos
pacificar essa questão colocando uma norma nacional que os sistemas
cumprirão- disse.
O uso do nome
social é uma reinvindicação antiga do movimento LGBT. No Exame Nacional
do Ensino Médio (Enem), o candidato já pode requisitar o direito. A
expectativa é que o texto seja encaminhado para o MEC ainda nessa
semana. De acordo com membros do Conselho, a demanda a respeito da
autorização do nome social teria partido da própria pasta em abril deste
ano.
A decisão sinaliza para um
revisão do conteúdo da Base Nacional Comum Curricular (BNCC)- que irá
nortear os currículos das escolas de todo país- no que tange ao respeito
à diversidade. Em abril, o MEC retirou do texto final entregue ao CNE
termos como “orientação sexual”, mas, a aprovação da resolução sobre o
nome social sinaliza uma possibilidade de que o tema volte ao documento.
Um dos artigos da nova resolução afirma inclusive que as escolas
deverão assegurar em suas propostas curriculares diretrizes para coibir
qualquer discriminação em função da orientação sexual e da identidade de
genero.
– O parecer foi aprovado por
unanimidade e indica que há uma preocupação com essas questões. Não
posso adiantar o que virá na Base, porque ainda não há uma decisão sobre
isso. Mas posso afirmar que essa temática não está excluída.
Consideramos a importância das consequências disso na Educação
Brasileira. Não há como tapar o sol com a peneira. Fingir que não
acontece discriminação e violência na escola por conta disso e não
discutir o tema pode até agravar essa problemática- afirmou Siqueira.
Representante LGBT comemora
Para Toni Reis, da Aliança Nacional LGBTI e um dos requerentes deste pedido ao CNE, a decisão é importante no momento atual.
–
Mostra que ainda existe racionalidade nesse país em um momento de
censura e perseguição. É o órgão máximo da educação brasileira, com
professores renomados. Essa resolução não tira o direito de ninguém. Ela
só inclui de uma parcela que não está contemplada.
O ativista também torce para que a decisão da BNCC seja revista.
–
Espero que esta decisão do CNE também se reflita na necessidade de se
trabalhar isto nas salas de aula. Espero que isso possa estar nas
diretrizes da base.
Fonte: O Globo
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