Pesquisa internacional aponta: Professor brasileiro é mal remunerado
Brasil paga menos a professor que México, Colômbia e Costa Rica
Estudo mostra como rendimentos são mais baixos que em outros países de mesmo nível econômico

O
mais respeitado relatório mundial sobre a qualidade da Educação não
traz boas notícias sobre a carreira docente no Brasil. Em comparação com
os países desenvolvidos, nossos professores seguem ganhando bem menos.
Nenhuma novidade. Mas o dado mais dramático, quando o assunto é salário,
é que estamos atrás até das nações com perfil socioeconômico
semelhante.
É o que mostra a edição 2017 do Education at a Glance,
estudo comparativo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE), entidade formada por 35 países. O relatório permite
cruzar os dados do Brasil com economias desenvolvidas, maioria na OCDE, e
alguns países parecidos conosco, como México, Colômbia e Costa Rica,
que possuem PIB per capita e Índice de Desenvolvimento Humano próximos
ao do Brasil.
Os salários dos professores brasileiros está atrás
dos colegas desses três países. Por aqui, um professor da Educação
Básica começa a carreira recebendo o equivalente a 13 mil dólares por
ano, valor já ajustado para o poder de compra de cada país – assim dá
para comparar moedas e custo de vida distintos. Na Colômbia, um docente
iniciante ganha 14,2 mil dólares por ano. No México, 17,2 mil. E na
Costa Rica, 24,2 mil, quase o dobro dos brasileiros.
Quando a
comparação é com as nações desenvolvidas, a distância aumenta. Na média
das nações da OCDE, o salário inicial é de 30 mil dólares anuais.
1. Alunos por classe: houve melhora, mas turmas seguem cheias
As
condições de trabalho também seguem complicadas, aponta a OCDE. Quanto à
quantidade de professores por uma turma, a média em nosso país é de 1
por classe no Fundamental 1 e 1,2 professor por sala no Fundamental 2.
Nos países da OCDE, o número é de 1,5 e 2, respectivamente. Segundo o
documento, esses dados sugerem que os professores brasileiros “têm menos
tempo para se dedicar às atividades de preparação de aulas e de
avaliações e para auxiliar outros professores ou alunos que precisam de
reforço”.
No critério alunos por classe, o Brasil se sai um pouco
melhor. Entre 2005 e 2015, o país apresentou algumas das maiores taxas
de redução: -8% no Fundamental 1 e -15% no Fundamental 2. Mas as classes
ainda estão cheias, na avaliação da OCDE. Por aqui, cada profissional
dá aula para turmas de, em média, 23 alunos no Fund 1 e 27 no Fund 2.
Números parecidos com os de México (22 e 28), Colômbia (23 e 29) e um
pouco distantes da Costa Rica (15 e 27). Também estão longe os valores
de aluno por classe dos países membros da OCDE: 21 no Fundamental 1 e 23
no Fundamental.
2. Aumentar o piso é só o primeiro passo
Como
sair dessa incômoda situação? Os especialistas ouvidos por NOVA ESCOLA
afirmam que melhorar o salário dos professores é a principal medida de
valorização da carreira docente. Mas não é a única.
Para Daniel
Cara, coordenador geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, é
preciso uma ação sistêmica de investimento no professor. “O investimento
precisar ajudar a aprimorar as condições de trabalho, com melhoria da
infraestrutura escolar e ações consistentes de formação continuada, por
exemplo”.
Segundo Ricardo Henriques, superintendente executivo do
Instituto Unibanco, é preciso combinar investimento com maior
eficiência na administração. “Para isso, é fundamental incentivar a
integração entre os níveis de gestão: rede, secretarias, diretorias
regionais e escolas”, exemplifica.
3. Profissão de gente jovem

Segundo
o estudo, outra característica particular da Educação brasileira é a
idade dos professores. Nossos educadores têm em média 40 anos, enquanto
que, nos países membros da OCDE, esse número fica entre 44 e 45 anos. No
Brasil, 80% de todos os educadores têm menos de 50 anos, enquanto a
média internacional é de 65%. Na análise do relatório, esse dado indica
que o Brasil ainda enfrenta o desafio de reter indivíduos altamente
qualificados e de fornecer oportunidades de desenvolvimento
profissional, para que eles continuem na carreira. A carreira docente,
apesar de atrair muitos jovens, ainda não seria a primeira opção.
O
relatório da OCDE também indica uma tendência importante: a geração de
jovens professores têm influenciado a equidade de gênero na profissão.
As mulheres ainda são a maioria na Educação Básica, mas a porcentagem de
homens é consideravelmente maior entre os educadores com menos de 30
anos (33%) do que entre os com mais de 50 (25%).
Fonte: Nova escola
Comentários
Postar um comentário