Pesquisa aponta: Maranhão entre os piores da educação brasileira
Brasil deve reduzir desigualdades na educação para cumprir metas do PNE, diz estudo da fundação Abrinq

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Na avaliação sobre a
qualidade do ensino, o estudo aponta desigualdades na taxa de
aprendizagem para o 3º ano de ensino fundamental.
A redução das desigualdades entre as regiões
brasileiras no acesso e na qualidade da educação é um dos principais
desafios do país para o cumprimento dos Objetivos do Desenvolvimento
Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) até 2030. A
análise é de um estudo da Fundação Abrinq, lançado hoje (10), que
analisa os objetivos relacionados à educação e ao trabalho.
“As desigualdades regionais aparecem muito fortemente em todos os
indicadores. É preciso uma política de redução de desigualdades urgente,
e isso tem que ter tanto ações com foco regional, quanto ações para
priorizar as classes sociais de mais baixa renda”, diz a administradora
executiva da Fundação Abrinq, Heloisa Oliveira.
O estudo compõe uma série de quatro relatórios que serão publicados
para analisar os principais indicadores nacionais associados a crianças e
adolescentes para o monitoramento dos Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável.
Ao analisar o acesso à educação, o principal desafio está na educação
infantil. Enquanto a média brasileira de crianças de 4 e 5 anos
matriculadas na pré-escola é de 91,6%, em estados como o Acre, Amapá e
Amazonas o índice fica entre 71% e 75%. Os cinco estados com mais baixa
oferta de pré-escola estão na Região Norte. Segundo o Plano Nacional de
Educação (PNE), todas as crianças nessa faixa etária deveriam estar
matriculadas até 2016.
O estudo também revela que a cobertura de creches nos estados da
Região Norte é bem menor do que a média brasileira (30,4%), ficando em
patamares como 6,5% no Amapá e 8,3% no Amazonas. “Os dados mostram que,
se mantido o atual ritmo de ampliação das vagas, em especial o ritmo
mais lento em regiões como o Norte e Nordeste, não atingiremos a meta do
PNE para todas as regiões e grupos sociais”, diz o estudo. A meta é de
atendimento de 50% das crianças de até 3 anos em creches até 2024.
Na avaliação sobre a qualidade do ensino, o estudo aponta
desigualdades na taxa de aprendizagem para o 3º ano do ensino
fundamental. Na matemática, por exemplo, enquanto a média de crianças
com aprendizagem adequada é de 42,9%, em estados como o Maranhão o
índice é de 16,3%. Na escrita, a média brasileira é de 65,5% e no Pará,
de 34,3%.
Também há desigualdades nas taxas de analfabetismo da população entre
10 e 17 anos, que no Norte e Nordeste chegam a 5,4% nessa faixa etária,
quase o dobro da média nacional (2,9%) e superior às demais regiões:
Centro-Oeste (1,4%), Sudeste (1,3%) e Sul (1%).
De acordo com a administradora da Fundação Abrinq, as desigualdades
entre os estados detectadas no estudo podem comprometer o alcance dos
resultados estabelecidos pelo pacto da ONU. “Se nada for feito, pode sim
comprometer o alcance das metas. Não quer dizer que vai comprometer,
porque eventualmente pode se ter uma política e um planejamento que
resolvam esses problemas e façam com que a gente avance nesses
desafios”, diz Heloisa.
O compromisso para implementar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável foi
assinado há dois anos por 193 países, incluindo o Brasil. Os ODS
deverão orientar as políticas nacionais e as atividades de cooperação
internacional nos próximos 15 anos, sucedendo e atualizando os Objetivos
de Desenvolvimento do Milênio (ODM).
Trabalho Infantil
O estudo da Fundação Abrinq também analisou a situação do trabalho
infantil no Brasil. A média nacional de ocupados entre 5 e 17 anos é de
5%, mas em estados como o Piauí (7,5%), Sergipe (7,2%) e o Rio Grande do
Sul (6,9%), o percentual é maior.
Quatro das cinco regiões brasileiras concentram mais indivíduos de 5 a
17 anos ocupados do que a proporção do país nesse indicador. Na Região
Sul, 6,2% das crianças e adolescentes nessa faixa etária desempenham
alguma atividade, remunerada ou não.
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